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Processo n.º 118/09
 
 3ª Secção
 Relator: Conselheiro Carlos Fernandes Cadilha
 
 
 Acordam, em conferência, na 3ª Secção do Tribunal Constitucional
 
 
 I. Relatório
 
  
 Por acórdão de 15 de Outubro de 2008, o Pleno da 1ª Secção do Supremo Tribunal 
 Administrativo negou provimento ao recurso por oposição de julgados que havia 
 sido interposto por A., Lda., e em que apenas se discutia matéria atinente à 
 fundamentação do acto administrativo, por referência ao disposto nos artigos 
 
 125º do Código de Procedimento Administrativo e 1º, n.º 2, do Decreto-Lei n.º 
 
 256-A/77, de 17 de Junho.
 
  
 Deste acórdão, a recorrente interpôs recurso para o Tribunal Constitucional, nos 
 seguintes termos:
 
  
 
 “[…] 
 não se conformando com o decidido no douto Acórdão de 2008.10.15, vem dele 
 recorrer para o Venerando Tribunal Constitucional, nos termos dos artigos 69° e 
 seguintes da Lei do Tribunal Constitucional aprovada pela Lei 28/82, de 15 de 
 Novembro. 
 O presente recurso tem como fundamento a questão da inconstitucionalidade do 
 artigo 17°-A do DL 445/91, de 20 de Dezembro, interpretado no sentido de não se 
 atender ao efectiva conhecimento pelos interessados do termo a quo do prazo de 
 caducidade dos seus direitos — maxime mediante notificação adequada -, face às 
 normas e princípios constitucionais consagrados nos artigos 2°, 9°/b), 18º, 20°, 
 
 62°/1, 266° e 268°/3 da CRP (v. artigo 70°/1/b) da LTC; cfr. artigo 2°/1 da Lei 
 
 17/94, de 23 de Maio, DL 250/94, de 15 de Outubro, e artigo 165°/1/b) e s) e n.° 
 
 2 da CRP). 
 A referida questão de inconstitucionalidade foi suscitada expressamente, além do 
 mais, nos textos n.° s 8 e 9 e conclusões 5ª e 6ª das alegações apresentadas em 
 
 2005.11.16 pela ora recorrente, no Venerando Supremo Tribunal Administrativo.
 
 […]”.
 
  
 O recurso de constitucionalidade não foi admitido, por despacho de fls. 80 e 
 seguintes, por se ter entendido que o acórdão recorrido se cingiu à apreciação 
 do regime legal da fundamentação do acto administrativo e não fez qualquer 
 aplicação da norma que a recorrente pretende ver apreciada pelo Tribunal 
 Constitucional.
 
  
 Deste despacho reclamou A., Lda. para o Tribunal Constitucional, ao abrigo dos 
 artigos 76º, n.º 4, e 77º da Lei do Tribunal Constitucional, nos seguintes 
 termos:
 
  
 
 “1. Em 2008.10.28, a ora reclamante interpôs recurso para este Venerando 
 Tribunal Constitucional, com fundamento na inconstitucionalidade do art. 17º-A 
 do DL 445/91, de 20 de Dezembro, interpretado no sentido de não se atender ao 
 efectivo conhecimento pelos interessados do termo a quo do prazo de caducidade 
 dos seus direitos — maxime mediante notificação adequada —, face às normas e 
 princípios constitucionais consagrados nos artigos 2°, 9° b), 18°, 20°, 62°/1, 
 
 266º e 268°/3 da CRP (v. artigo 70°/l /b) da LTC; cfr, artigo 2°/1 da Lei 17/94, 
 de 23 de Maio, DL 250/94, de 15 de Outubro, e artigo l65°/1/b) e s) e nº 2 da 
 CRP).
 A referida questão de inconstitucionalidade foi suscitada expressamente, além do 
 mais, nos textos nºs 8 e 9 e nas conclusões 5ª e 6ª das alegações relativas ao 
 recurso interposto da douta Sentença do TAF Lisboa, de 2005.07.08, e 
 apresentadas no Venerando Supremo Tribunal Administrativo, em 2005.11.16. 
 No douto despacho em análise decidiu-se que “a norma (ou uma certa interpretação 
 dela) cuja inconstitucionalidade a recorrente pretende ver apreciada (art. 17°-A 
 do DL 445/91, de 20 de Dezembro independentemente de ter sido ou não suscitada 
 no processo tal apreciação - não foi tida nem achada na decisão aqui em causa, 
 que dela não fez qualquer tipo de aplicação, nem dela acolheu, expressamente ou 
 implicitamente, qualquer interpretação”, tendo concluído que “é assim manifesta 
 a inadmissibilidade do presente recurso” (v. fls. 293 dos autos). 
 Salvo o devido respeito - e é verdadeiramente muito -, cremos que, 
 contrariamente ao decidido, o recurso em causa deverá ser admitido. 
 
 2. Conforme resulta do artigo 70°/2, 4 e 6, da LTC, no caso de recurso 
 
 “destinado a uniformização de jurisprudência” (v. artigo 70°/2), que “não possam 
 ter seguimento por razões da ordem processual”’ (v. artigo 70º/4), o recurso 
 para este Venerando Tribunal Constitucional não tem que ser interposto de 
 decisão que aplicou ou recusou a aplicação de norma reputada de inconstitucional 
 
 – in casu do aresto do STA de 2006.05.30 - mas sim da “ulterior decisão que 
 confirme a primeira” (v. artigo 70°/6), ou seja, do acórdão do Pleno do STA, de 
 
 2008.10.15, que, por razões processuais, rejeitou o recurso interposto por 
 oposição de acórdão. Nesta linha e considerando precisamente a aplicação das 
 normas transcritas e em situação absolutamente paralela, no douto Ac. TC n.° 
 
 411/00, de 2000.10.03, proferido no processo nº 501/2000, decidiu-se o seguinte:
 
 “De facto, quando determinada decisão de um tribunal (no caso, do Tribunal 
 Central Administrativo) apenas admita o recurso fundado em oposição de julgados 
 
 (ou seja, o recurso destinado a uniformização da jurisprudência), a parte que, 
 durante a processo, acaso tenha suscitado a inconstitucionalidade de uma norma 
 legal e tenha visto a sua pretensão, desatendida, pode recorrer imediatamente 
 dessa decisão para o Tribunal Constitucional (cf. artigos 70°, n°s 1, alínea b) 
 e 2, e 72º. n° 2, da Lei do Tribunal Constitucional). Ou seja: 
 mesmo que, na respectiva ordem jurisdicional, o recurso para uniformização de 
 jurisprudência seja um recurso ordinário, o ónus da exaustão deste tipo de 
 recursos não lhe impõe que, antes de recorrer para o Tribunal Constitucional, 
 recorra para o Pleno do Supremo Tribunal Administrativo. 
 A imediata interposição do recurso de constitucionalidade, num tal caso, não 
 priva a parte do direito de, posteriormente, interpor recurso de uniformização 
 de jurisprudência: é que, se o Tribunal Constitucional não conhecer do recurso 
 para si interposto ou lhe negar provimento, só então começa a correr o prazo 
 para a interposição do recurso ordinário de uniformização de jurisprudência para 
 o Pleno do Supremo Tribunal Administrativo (cf. artigo 80°, n° 4, in fine) 
 A parte pode, no entanto, optar por, em vez de recorrer logo para o Tribunal 
 Constitucional, interpor recurso para o Pleno do Supremo Tribunal 
 Administrativo, para uniformização de jurisprudência, da decido do Tribunal 
 Central Administrativo. 
 Se assim proceder, também a parte não verá precludida a possibilidade de 
 impugnar perante o Tribunal Constitucional, a decisão do Pleno que, acaso, lhe 
 seja desfavorável. E isso, quer o Pleno profira decisão de mérito, quer, por 
 entender que se não verifica a invocada oposição de julgados, não conheça do 
 recurso: de facto, a não interposição de recurso para o Tribunal Constitucional 
 da decisão da Tribunal Central Administrativo não faz precludir o direito de o 
 interpor da decisão do Pleno que a confirma. (cf. o citado artigo 70°, n°6)” 
 
 (cfr., no mesmo sentido, Acs. TC n°.345/05, Proc.405/2000, n.°331/2005, 
 Proc.396/05 in www.tribunalconstitucional.pt.
 Como resulta claramente da douta decisão transcrita, o recurso a interpor para 
 este Venerando Tribunal Constitucional poderá ter como objecto a decisão 
 desfavorável do Pleno do STA, independentemente de esta constituir “decisão de 
 mérito” — aplicando ou recusando a aplicação de qualquer norma inconstitucional 
 
 — ou simples decisão que ponha termo ao recurso por oposição de julgados, não 
 decidindo de mérito, nem conhecendo do recurso, em conformidade com o disposto 
 no art. 70º/6 da LTC, como se verificou no caso sub judice. 
 
 3. Em abono deste entendimento, sublinhe-se ainda que nos termos dos artigos 
 
 70°/1/b) e 72°/2 da LTC, são pressupostos objectivos do recurso interposto para 
 este Venerando Tribunal Constitucional: 
 a) Aplicação efectiva de uma norma cuja inconstitucionalidade ou ilegalidade 
 tenha sida suscitada adequadamente no decurso de um processo; 
 b) Necessidade de a decisão recorrida fazer caso julgado no processo principal;
 c) Menção na petição de recurso dos elementos exigidos no art. 75º-A/1 e 2 da 
 LTC (v. Blanco de Morais, Justiça Constitucional, 2005, II/700; cfr. Ac TC 1/05, 
 de 5 de Janeiro, Proc. 909/04, Cons. Maria João Antunes, 364/96, de 6 de Março, 
 Proc. 27/92, Cons. Tavares da Costa, ambos in www.tribunalconstitucional.pt Ac. 
 RL de 1998.01.13, Proc. 0006288, www.dgsi.pt. 
 A propósito do requisito da aplicação efectiva da norma julgada 
 inconstitucional, este Venerando Tribunal Constitucional tem pacífica e 
 uniformemente entendido que “há aplicação da norma para efeitos da alínea b) do 
 n.° 1 do artigo 70º da Lei nº 28/82 não só nos casos de aplicação expressa, como 
 também nos casos da aplicação implícita” (v. Ac. TC 406/87, de 7 de Outubro, 
 Proc. 82)87, www.dgsi.pt; cfr. Acs. TC 9/06, de 5 de Janeiro, Proc. 480/05; 
 
 454/03, de 14 de Outubro, Proc. 458/03; 445/99 de 8 de Julho, Proc. 37/99; 
 
 11/99, de 12 de Janeiro, Proc. 271/97; 1081/96, de 23 de Outubro, Proc. 438/96; 
 
 226/94, de 8 de Março, Proc. 47/93; 160/91, de 4 de Abril, Proc. 720/00; 47/90, 
 de 21 de Fevereiro, Proc. 87/89, todos in www.tribunalconstitucional.pt 721/97, 
 de 23 de Dezembro, Proc, 392/97; 637/96, de 7 de Maio, Proc. 252/95; 234/96, de 
 
 29 de Fevereiro, Proc. 178/95; 33/96, de 17 de Janeiro, Proc. 189/92; 235/93, de 
 
 13 de Março, Proc. 611/92; 69/92, de 24 de Fevereiro, Proc. 219/91 20/91, de 5 
 de Fevereiro, Proc. 203/90; 207/66, de 12 de Junho, Proc. 95/88; 158/86, de 14 
 de Maio, Proc. 31/86; 88/86, de 19 de Março; Proc. 171/89; 112/85, de 2 de 
 Julho, Proc. 179/84, todos in www.dgsi.pt. 
 E, conforme tem decidido este Venerando Tribunal, verifica-se aplicação 
 normativa implícita sempre que: 
 a) O Tribunal a quo possa e deva conhecer da questão de constitucionalidade 
 invocada durante o processo (v. Acs. TC 318/90, de 12 de Dezembro, Proc. 291/89, 
 Cons. Alves Correia, www.tribunalconstitucional.pt 176188, de. 14 de Julho, 
 Proc. 310)87, Cons. Cardoso da Costa, www.dgsi.pt)
 b) A sentença, pese embora não fazer qualquer alusão à norma, não poderia deixar 
 de a ter aplicado, já que não poderia ter logicamente decidido ou decidido de 
 uma determinada maneira, sem proceder à sua convocação como fundamento da 
 decisão (v. Acs. TC 466/91 de 17 de Dezembro, Proc. 160/91, Cons Ribeiro Mendes, 
 in Acórdãos do Tribunal Constitucional, 20º vol., p. p. 605 e segs, 451/89, de 
 
 21 de Junho, Proc. 287/87, Cons. Nunes de Almeida, www.dgsi.pt cfr; Blanco de 
 Morais, Justiça Constitucional, 2005, II/702); 
 c) A aplicação da norma se deduza necessariamente da decisão recorrida (Ac TC 
 
 9/06, de 5 de Janeiro, Proc. 480/05. Cons. Maria dos Prazeres Beleza, 
 
 www.tribunalconstitucional.pt) ou é “extraível de um raciocínio lógico utilizado 
 na decisão” (v. Ac. TC 231/91, de 23 de Maio, Proc. 164/91, Cons. Bravo Serra, 
 
 www.dgsi.pt. 
 No caso sub judice é manifesto que sempre teria ocorrido aplicação implícita da 
 norma em causa. 
 
 3.1. Por um lado, o STA podia e devia conhecer da questão de 
 constitucionalidade, já que a mesma foi expressamente suscitada nos textos nºs 8 
 e 9 e conclusões 5ª e 6ª das alegações de recurso da douta Sentença do TAF 
 Lisboa, de 2005.07.08, apresentadas no Venerando Supremo Tribunal 
 Administrativo, em 2005.11.16, inscrevendo-se assim na sua esfera de 
 
 “competência vinculada” (v. Ac. Tribunal Constitucional 162/92, de 6 de Maio, 
 Proc. 241/91, Cons. Messias Bento, www.tribunalconstitucional.pt). 
 
 3.2. Por outro lado, o douto Acórdão do STA de 2008.11.14, ao prolongar-se sobre 
 o conceito de “notificação adequada”, manteve a aplicação de uma norma reputada 
 de inconstitucionalidade, na sequência do entendimento do Tribunal 
 Administrativo e Fiscal de Lisboa. 
 Nesta linha, decidiu o douto acórdão do Venerando Tribunal Constitucional, de 
 
 1996.05.07, o seguinte: 
 
 “Porque a questão de constitucionalidade se prende directamente com o objecto do 
 recurso interposto — o seu julgamento acha-se dependente do próprio âmbito da 
 cognição daquele tribunal — tem de considerar-se que no acórdão recorrido se fez 
 aplicação implícita das normas cuja constitucionalidade se havia anteriormente 
 suscitado” (v. Ac. TC 637/96, -Proc. 252/95, Cons. Monteiro Diniz, 
 
 www.tribunalconstitucional.pt). 
 
 4. É pois manifesto que, contrariamente ao decidido no douto despacho reclamado, 
 nunca se poderia entender que a norma em causa “não foi tida nem achada na 
 decisão aqui em causa, que dela não fez qualquer tipo de aplicação, nem dela 
 acolheu, expressamente ou implicitamente, qualquer interpretação.
 
 […]”.
 
  
 Na resposta à reclamação, sustentou o representante do Ministério Público junto 
 do Tribunal Constitucional o seguinte (fls. 95 e v.º):
 
  
 
 “A presente reclamação é manifestamente improcedente. 
 Verifica-se na verdade, que a ora reclamante optou por esgotar o recurso de 
 impugnação de jurisprudência, perante o Pleno do STA, só interpondo recurso de 
 fiscalização concreta do acórdão que o dirimiu. Ora – como é evidente e 
 inquestionável, face à natureza de tal recurso – os poderes cognitivos do STA 
 cingem-se estritamente à dirimição do conflito jurisprudencial detectado e 
 invocado como base de tal meio impugnatório, não podendo, nem devendo, apreciar 
 quaisquer outras questões suscitadas ou suscitáveis quanto ao mérito da causa.
 Daqui decorre, naturalmente, que pela razão apontada no despacho que rejeitou o 
 presente recurso, o STA, ao julgar o conflito jurisprudencial, não aplicou a 
 norma a que vinha reportado o recurso para este Tribunal, já que o mesmo 
 manifestamente se não conexionava com os preceitos legais que haviam sido 
 contraditoriamente interpretados pela jurisprudência administrativa, o que 
 implica a inverificação dos pressupostos do recurso de fiscalização concreto 
 interposto”.
 
  
 Cumpre apreciar e decidir.
 
  
 
  
 II. Fundamentação
 
  
 Tendo o presente recurso sido interposto ao abrigo da alínea b) do n.º 1 do 
 artigo 70º da Lei do Tribunal Constitucional, constitui seu pressuposto 
 processual a aplicação, na decisão recorrida, da norma ou interpretação 
 normativa cuja conformidade constitucional se pretende que o Tribunal 
 Constitucional aprecie.
 
  
 Do requerimento de interposição do recurso de constitucionalidade resulta que a 
 recorrente pretende a apreciação de uma determinada interpretação do artigo 
 
 17º-A do Decreto-Lei n.º 445/91, de 20 de Dezembro (segundo a qual não se atende 
 ao efectivo conhecimento pelos interessados do termo a quo do prazo de 
 caducidade dos seus direitos).
 
  
 No entanto, percorrendo o texto da decisão recorrida, constata-se que apenas 
 foram aplicadas as normas dos artigos 24º, alínea b), do Estatuto dos Tribunais 
 Administrativos e Fiscais de 1984, 125º, n.º 1, do Código de Procedimento 
 Administrativo, e 1º, n.º 2, do Decreto-Lei n.º 256-A/77, de 17 de Junho: a 
 primeira, para concluir que se encontravam verificados os fundamentos do recurso 
 por oposição de julgados; as duas últimas, para concluir que certo acto 
 administrativo se encontrava fundamentado.
 
  
 Não pode também aceitar-se que a decisão recorrida tenha implicitamente aplicado 
 a interpretação que a recorrente agora submete ao Tribunal Constitucional, não 
 só porque o respectivo texto não fornece qualquer indício no sentido dessa 
 aplicação, como também porque tal extravasaria o objecto do recurso por oposição 
 de julgados em causa (que estava confinado à questão da fundamentação de acto 
 administrativo com o teor de “Indefiro”).
 
  
 Não tendo a decisão recorrida aplicado a interpretação normativa cuja 
 conformidade constitucional a recorrente submete à apreciação do Tribunal 
 Constitucional, conclui-se que não pode conhecer-se do recurso de 
 constitucionalidade, por falta de preenchimento dos seus pressupostos 
 processuais.
 
  
 Acrescente-se, por fim, que o n.º 6 do artigo 70º da Lei do Tribunal 
 Constitucional, citado pela reclamante, ao permitir que se interponha recurso de 
 constitucionalidade de decisão que julgue recurso de oposição de julgados, não 
 constitui qualquer excepção à regra que se extrai da alínea b) do n.º 1: a de 
 que a decisão da qual se interpõe recurso de constitucionalidade há-de ter 
 aplicado a norma que constitui o objecto do próprio recurso de 
 constitucionalidade. É que daquele n.º 6 apenas decorre que a não interposição 
 de recurso de constitucionalidade de certas decisões que o admitem, por se ter 
 optado por recurso ordinário ou por recurso para uniformização de 
 jurisprudência, não impede que, na improcedência deste recurso, se recorra da 
 decisão que o julgue para o Tribunal Constitucional. Mas já não decorre daquele 
 n.º 6 qualquer ficção de aplicação, na ulterior decisão, de todas as normas que 
 haviam sido aplicadas na primeira decisão.
 
  
 Aliás, e atentando agora no caso dos autos, nenhuma utilidade teria a pronúncia 
 do Tribunal Constitucional acerca do artigo 17º-A, do Decreto-Lei n.º 445/91, de 
 
 20 de Dezembro, pois que, não tendo a decisão recorrida aplicado tal preceito, 
 não poderia a mesma ser reformulada de acordo com o juízo de 
 inconstitucionalidade que o Tribunal Constitucional eventualmente proferisse. 
 Tal demonstra que a regra do artigo 70º, n.º 6, da Lei do Tribunal 
 Constitucional não significa que, sendo o recurso interposto da decisão que 
 julga a oposição de julgados, se prescinda do requisito da aplicação da norma 
 que constitui o objecto do recurso de constitucionalidade.
 
  
 Não podendo, assim, conhecer-se do objecto do presente recurso de 
 constitucionalidade, deve manter-se a decisão que o não admitiu.
 
  
 
  
 III. Decisão
 Nestes termos, e pelos fundamentos expostos, mantém-se a decisão reclamada.
 Custas pela reclamante, fixando-se a taxa de justiça em 20 UC.   
 
  
 Lisboa, 12 de Março de 2009
 Carlos Fernandes Cadilha
 Maria Lúcia Amaral
 Gil Galvão